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Minha bombinha acabou na Holanda #comofaz?

novembro 24, 2017

E… depois de vários anos, aqui estou eu de volta a escrever. Resolvi escrever este post pois ele poderá ajudar outros que estejam passando por algo parecido ao que passei.

Vim para a Holanda estudar acompanhado de uma bagagem de medicamentos para o meu dia-a-dia. Entre eles, o Berotec Aerosol (a famosa bombinha do asmático), meu companheiro que me salva durante minhas crises de asma. Pensar em ficar sem ele me causa falta imediata de ar.

O meu planejamento medicamentoso pela primeira vez falhou e o meu querido Berotec chegou a seu estoque mínimo antes do tempo e precisei comprar uma bombinha aqui no velho continente. O motivo da falha: o ar dentro de casa é muito seco devido ao aquecedor e aumenta minhas crises.

Aqui na Holanda o sistema de saúde funciona bem diferente do que no Brasil. Para comprar qualquer remédio (tirando alguns poucos como o Paracetamol) é necessária uma receita (prescription). Ok, parece fácil. Pensei: vou para um pronto socorro, me consulto com um médico e consigo a minha receita… ERRADO! Aqui não funciona assim: pronto socorro é para os casos de emergência, ou seja, nos casos de vida ou morte. Quando uma pessoa está doente, ela deve marcar uma consulta com o médico da família (um clínico geral, GP – general practitioner). Liguei nesta segunda para uma clínica, e consegui a consulta para quarta-feira com minha nova médica da família. Sim!, agora eu tenho uma médica de família! 🙂

Fui muito bem atendido! Gostei muito da minha médica. Contei para ela que eu precisava de uma bombinha. E eis que aparece o segundo desafio: “Aqui na Holanda não temos Berotec assim como medicamentos com o mesmo princípio ativo”. Assim a  médica estudou o protocolo (guideline) para tratamento de asma e identificou um medicamento que poderia ser um possível substituto (Formoterol, formoterolfumaraatdihydraat) e gerou a minha tão esperada receita.

Fui na farmácia (apotheek) (que são escassas por aqui quando comparado com o Brasil) para pegar o meu remédio. Ao receber o remédio, recebi instruções detalhadas de como utilizar o meu novo dispositivo, que é bem diferente de uma bombinha. Fiquei desconfortável por não ser o mesmo mecanismo, mas se me salvar das minhas crises, está perfeito. E o fato é que o medicamento não me salvou. Assim, pesquisei sobre o medicamento e achei este post maravilhoso do Dr. Arthur Frazão (não o conheço, mas sou muito grato pelo conhecimento compartilhado). Neste post entendi que exitem 2 tipos de broncodilatodores: os de ação curta e os de ação longa. O remédio que recebi é de ação longa e ele não é indicado para crises de asma. Neste post entendi que o medicamento que eu precisava é de ação curta. Liguei para a minha médica na quinta, mas só consegui falar com ela no dia seguinte. Compartilhei os resultados da minha pesquisa e ela gerou uma nova receita que foi direto para a farmácia. Ela me pediu desculpas. Fui na farmácia e consegui a minha bombinha com o custo de 15,41 euros (R$ 61,64 com cotação de novembro de 2017).

Com este post eu quero apenas compartilhar minhas lições aprendidas. Elas podem ajudar a asmáticos em casos similares. Vamos lá:

  1. Sempre coloque na sua mala mais bombinhas que o planejado;
  2. Se a bombinha estiver para acabar, já marque a consulta com o médico da família;
  3. O processo para conseguir uma bombinha pode demorar devido ao tempo de espera pela consulta. No meu caso, o mínimo foi de 3 dias. Observação: consultas com médicos de família no final de semana podem ter custos mais altos e farmácias normalmente não abrem no final de semana. Acredito que devem existir famácias de plantão em caso de emergência;
  4. Bombinhas (para alívio imediato) são conhecidos como Broncodilatatores de ação curta (Asthma Short-acting Bronchodilators). O principio ativo Salbutamol é uma opção que existe aqui na Holanda (mas deve ser análisada com cuidado junto com o  seu médico);
  5. A bombinha custa muito mais caro que no Brasil. Pelo que entendi, o plano de saúde deve reembolsar estes custos se o mesmo for daqui da Holanda. Ainda não fiz o processo de solicitação;
  6. Antes de viajar, sugiro que você consulte o seu médico para identificar quais principios ativos são compatíveis com o país destino. Isso pode ajudar em uma consulta com um médico no exterior. Pedir uma receita em inglês também pode ajudar na comunicação com o médico.

PS: quero deixar claro que a minha bombinha não acabou… mas falta pouco para acabar. Não seria louco de deixar ela terminar!

É isso ai pessoal! 🙂